Olá queridas(os),
Um textinho pra vcs:
"Zonas de energia
'... Quando sentimos muita raiva, devemos nos abster de reagir, ou seja, de falar ou fazer qualquer coisa. Dizer ou fazer alguma coisa enquanto estamos com raiva não é uma atitude sábia. Repito: a primeira atitude é nos voltar para dentro de nós a fim de cuidar bem da nossa raiva.
A raiva é uma zona de energia dentro de nós. É uma parte nossa que está sofrendo e que precisa dos nossos cuidados. A melhor maneira de fazer isso é gerar outra zona de energia capaz de abraçar e cuidar da nossa raiva. A segunda zona de energia é a energia da plena consciência gerada através da respiração e do andar conscientes. Todos somos capazes de gerar a energia da plena consciência.
Plena consciência é sinônimo de mente alerta. Significa estar presente, saber o que está acontecendo, tomar a rédea de nossos sentimentos, em vez de nos deixarmos arrastar por eles. A energia da plena cosnciência é como a irmã ou irmão mais velho, ou a mãe que segura nos braços o filho, cuidando bem do bebê que está sofrendo, que é a nossa raiva, desespero ou ciúme.
A Zona de Energia Um é a raiva e a Zona de Energia Dois é a Plena consciência. A prática consiste em usar a energia da plena consciência para reconhecer e abraçar a energia da raiva. Você tem que fazer isso com ternura, sem violência. Repito: não se trata de reprimir a raiva. A plena consciência é você e a raiva também é, de modo que você não deve se transformar num campo de batalha, em que um lado combate o outro. Você não deve acreditar que a plena consciência é boa e correta, enquanto a raiva é má e errada. Você só precisa reconhecer que a raiva é uma energia negativa e que a plena consciência é uma energia positiva. Depois, você pode usar a energia positiva para cuidar da negativa. Não se trata de combate, mas de cuidado."
Sentimentos orgânicos
Tanto os nossos sentimentos negativos quanto os positivos pertencem à mesma realidade. Por isso não há necessidade de lutar. Precisamos somente abraçar e cuidar. Na tradição budista, meditar não significa tornar-se um campo de batalha, com o bem combatendo o mal. Esta noção é muito importante. Você pode pensar que precisa combater o mal e expulsá-lo do seu coração e da sua mente. Mas esta é uma idéia errada. A prática consiste em transformar. Se não existir o lixo, não temos nada com que fabricar o adubo. E, se não possuímos o adubo, não temos como nutrir a flor que existe em nós. Você precisa do sofrimento e dos problemas. Como eles são orgânicos, você sabe que pode transformá-los e usá-los da maneira adequada.'"
(do livro: Aprendendo a Lidar com a Raiva - sabedoria para a paz interior, Thich Nhat Hanh, ed. Sextante)
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Vocês podem se perguntar o que tem esse texto com a OC? Bem, somos humanos e não somos anjos. Todos temos nossos momentos de raiva e outros sentimentos considerados menos 'nobres'. Acontece que com a prática da OC tudo isso pode subitamente aflorar. Nos percebermos como pessoas capazes de muita raiva e também acabamos sentindo culpa, porque nossa auto-imagem não é 'tão bacana' quanto queríamos que fosse. Afinal, somos pessoas que buscam a Deus, que meditam, que nos julgamos 'contemplativos', etc. Mas, já postei aqui um texto bem parecido do Anselm Grun, monge beneditino, cristão católico. Enquanto o de hoje é de um monge budista, vietnamita, podemos perceber a mesma sabedoria e o mesmo conselho, com outras palavras, nos dois. Outros autores também irão dizer o mesmo. Não adianta negar o sentimento, negar que somos capazes de ter e até, o que não é recomendável, guardar raiva, 'cozinhá-la' em banho-maria. Diz S. Paulo que não devemos deixar 'o sol se por sobre nossa ira'. Ele também nos daria o mesmo conselho. Nos percebendo assim, tão humanos, afinal Jesus também não se irou contra os vendilhões do templo? - nos desanima? Não! O que devemos fazer? Aprender com nossos sentimentos, todos eles.
Encarar o sentimento, procurar ver o que ele quer nos ensinar.
Pe. Thomas Keating talvez nos dissesse para procurarmos ver de qual dos nossos três "Centros de Energia" ele provém: Centro de Energia de Afeição e Estima, de Segurança e Sobrevivência, ou de Poder e Controle. Em seus livros ele fala sobre os três. De qualquer forma, é preciso sempre voltar ao Silêncio, aprender com tudo o que vivemos. Nossa vida é nossa experiência, nossa mestra.
Um abraço fraterno,
Em Jesus e Maria,
jandira
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Oração Centrante e Lectio Divina
Site em inglês:
Em português:
Em espanhol:
Bibliografia em Português:
"Oração Centrante - Basil Pennington, ed. Palas Athena
"Mente Aberta, Coração Aberto", Thomas Keating, Loyola(2005)
veja mais no site da OC, acima.
Mais informações: Jandira Soares Pimentel:
oracaocentrante@yahoo.com.br
Caixa Postal, 3071 - Savassi - 30130-972 - Belo Hte - MG
(Retorne ao seu centro, onde Deus espera por você!)
Um comentário:
Belíssimo texto, um zen vietnamita quanto um católico que medita ou um sufi passam pelas mesmas dificuldades e pelas mesmas descobertas. Acho que postagens como essa ajudam a superar os preconceitos. É preciso perceber que o sol se põe para justos e pecadores como se diz em linguagem cristã, notando ainda que é preciso superar nossa mentalidade dualista (em linguagem budista),
percebendo a unidade do real nos nossos corações.
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