Estou enviando um trechinho do livro 'O Mistério de Cristo - a Liturgia como Experiência Espiritual', de Thomas Keating:
----
"Jesus tomou sobre si a condição humana de forma cada vez mais concreta à medida que sua vida progredia. No Jardim de Getsêmani, ele tomou sobre si o pecado do mundo com todas as suas consequências. Ele experimentou todos os níveis de solidão, culpa e angústia que qualquer ser humano já sentiu. O terrível acúmulo de miséria, pecado e culpa humanos, recaiu sobre Ele. Ele se sentiu solicitado por seu Pai a se identificar com essa miséria em toda a sua imensidão e em todo o seu horror. Esse foi o dilema que Jesus articulou tão vividamente no Jardim de Getsêmani. Depois de pedir em vão aos apóstolos que vigiassem por uma hora com Ele, Ele se retirou e caiu com o rosto por terra clamando: "Meu Deus, se é possível, esta taça passe longe de mim". Causou-lhe agonia inimaginável a clara percepção de que o Pai lhe pedia que se afastasse dele como ninguém jamais fizera. Ao absorver o sentimento de eu separado em seu ser mais íntimo, Jesus tornou-se pecado. Como escreve Paulo: "Aquele que não conhecera o pecado, Ele o fez pecado para nossa salvação."
Jesus estava dividido entre as escolhas apresentadas pelo dilema: "Devo me tornar pecado e assim renunciar à minha relação pessoal com 'Abbá'", ou "Devo me tornar pecado e assim experimentar a separação dAquele que é minha vida toda? "
Sua oração continua: "Todavia, não como eu quero, mas como Tu queres".
Jesus fez seu pedido três vezes e, enquanto rezava, suava gotas de sangue, manifestando a incrível agonia de seu dilema. A fonte do horror de Jesus não era tanto a perspectiva de sofrimento físico, mas a perda iminente de sua relação com Aquele que significava tudo para Ele." (pg, 89/90)
------
Fica a sugestão, quem sabe, para usarmos este texto para nossa Lectio (Leitura Orante), pedindo que o Espírito Santo nos ajude a mergulhar um pouquinho, nesse Mistério de um Deus que Ama tanto suas criaturas, que envia Seu próprio Filho para reerguê-las à condição de Filhos e Filhas. Em nossa pequenez, em todos os sentidos, como compreender, como dimensionar tudo isso? Nós que quase nunca temos consciência da Presença de Deus em nós, nunca poderemos imaginar a dor de Jesus ao se ver 'feito pecado', e portanto, 'afastado' de Deus, em Sua agonia. Mas, Jesus, tendo essa consciência de Sua Unidade com o Pai, como se horrorizou, não é?
A Oração Centrante tem sido para mim esse Farol, sempre iluminando essa Presença em minha vida, mesmo nos momentos escuros e difíceis! Por pura Graça, a casa até pode balançar, mas não cai, porque se alicerça na Rocha, que é Cristo!
Que o Espírito Santo e Maria nos ajudem a vivenciar esta Semana Santa, buscando estarmos mais no silêncio e na Presença do nosso Bem-Amado!
Um abraço fraterno,
Em Jesus e Maria,
jandira
Este blog se destina a ajudar a divulgar a Oração Centrante (Centering Prayer), modalidade de oração contemplativa, baseada no livro "A Nuvem do Não-Saber" (Cloud of Unknowing), do místico anônimo do sec. XIV. O primeiro a ensiná-la foi o monge trapista americano, padre William Meninger, OCSO, que juntamente com trapistas Thomas Keating e Basil Pennington, deram os primeiros retiros há mais de 30 anos nos EUA e depois pelo mundo afora.
Pesquisar este blog
terça-feira, abril 19, 2011
Tarde de Sexta-Feira Santa
Enviado por nossa amiga/irmã, companheira de caminhada, F. Fenatti:
Meus queridos amigos,
que possamos seguir
celebrando a vida,
especialmente nesse tempo fecundo
onde o Amor ferido
é, misteriosamente,
fonte de beleza e coragem.
Beijos ternos
e sempre muito agradecidos,
Fátima
TARDE DE SEXTA FEIRA SANTA
Benjamin González Buelta
Tua vida se via destruída
mas tu alcançavas a plenitude.
Aparecias crucificado como um escravo
mas chegavas a toda liberdade.
Havias sido reduzido ao silêncio
mas eras a palavra maior do amor.
A morte exibia sua vitória
mas a derrotavas para todos.
O Reino parecia esvair-se contigo,
mas o edificavas com entrega absoluta.
Acreditavam os chefes que te haviam tirado tudo
mas tu te entregavas para a vida de todos.
Morrias como um abandonado pelo Pai
mas Ele te acolhia em um abraço sem distancias.
Desaparecias para sempre no sepulcro
mas inauguravas uma presença universal.
Não é apenas aparência de fracasso
a morte do que se entrega a teu desígnio?
Não somos mais radicalmente livres
quando nos abandonamos em teu projeto?
Não está mais próxima nossa plenitude
quando vamos sendo despojados em teu mistério?
Não é a alegria tua última palavra
em meio às cruzes dos justos?
Assinar:
Postagens (Atom)